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Décimo passo

Liberdade

Liberdade

Podes salvá-lo, salva-o!(*)

 

Amado e amada, muitas vezes, nós ao adentrarmos uma nova experiência nesse planeta, uma nova encarnação, estamos fazendo a cena seguinte a esta, narrada nesse trecho de Lamennais no Evangelho. Muitas vezes nós podemos fazer esse esforço imenso e dar ao outro uma nova chance, e uma vez desencarnados, todos conscientes no plano espiritual, da trama que envolvia essas histórias muitas vezes pérfidas, muitas vezes, nós diante de toda essa história choramos, ao ver que estávamos muito mais enredados nessa trama do imaginávamos.

Amado e amada, nesta noite nós gostaríamos de fazer uma pequena reflexão, sobre o perdão. Sim, perdão! Sem o instrumento do perdão, nós dificilmente encontraremos o amor. Porque, esses laços que nos reúnem muitas vezes, muitas, muitas e muitas vezes, estão na outra ponta dessa fita acetinada. Maravilhosa.  Ligados a histórias de muita dor, hoje, descem ao nosso colo, na forma de um bebê. O cetim mais precioso, do brilhante cetim amoroso de Deus. Verdadeiras joias preciosas, sedentas do nosso amor e da nossa compaixão. Vêm se alimentar do nosso leite, se alimentar de toda nossa energia fluídica essencial. Mas amados, quantas vezes este bebê róseo, enlaçado no mais suave cetim das fragrâncias de amor, mais amorosas, está no outro lado, ligado  a movimento de ódio, rancor, mágoa... Sim.   Nós recebemos nesses enlaçamentos mais aconchegantes do nosso coração, histórias muitas vezes, muito, muito, muito difíceis! E o cotidiano enlaçar-se, o cotidiano fio do tecer dessa encarnação, colocará à prova o nosso perdão, o nosso verdadeiro perdão.

Andarmos com o nosso grande amor, aquele ou aquela que nós desenhamos corações em tronco de árvores. Fazendo juras de amor. Andarmos enleados por esse cetim, por essa preciosidade Divina, por esse enamoramento inicia,l e, muitas vezes cercado de ilusões - doces ilusões, maravilhosas ilusões - que nos ajudam a sonhar um novo caminho. Muitas vezes é muito difícil, a cena seguinte. O próximo ato, dessa peça divina, escrita por nós.  Muitas vezes, poderíamos achar que esta peça seria considerada uma tragédia, amado e amada. Mas se Deus assim nos reuniu, se houve esse enlaçamento, com certeza essa história tem um final feliz. Não, aquele final feliz das novelas, românticas, ilusórias, açucaradas, mas o verdadeiro final feliz. Aquele que realmente tece felicidade em nossos dias. A verdadeira felicidade, aquela que é forjada em cada dia, lapidada em cada experiência. Aquela em que nós somos capazes de olhar, conhecer o outro, saber de suas limitações e dificuldades e, no entanto, puxar nesse carretel do tempo, linhas e linhas para que seja tecido esse fio de fé, esse fio de esperança, esse fio que é capaz de solidificar pontos, laços, que nos permitirão um novo momento.  Uma nova trajetória. E, desta maneira, estaremos verdadeiramente tecendo a nossa felicidade. Tecendo a nossa e a do outro. É impossível fazer a nossa felicidade sem tecer a felicidade do outro, não conseguimos, somos seres auto-depedentes.  Nós precisamos do outro, não para nossa felicidade a nível do cotidiano: Eu dependo do outro pra ser feliz, não! Mas a nossa felicidade é tecida nesse ir e vir constantes do afeto, da razão e, sobretudo do perdão.

Amado e amada, encontraremos na nossa caminhada espelhos de nós mesmos. Espelhos que nos mostrarão, uma imagem clara, não distorcida de nós mesmos. Veremos na face do outro as nossas dificuldades. Veremos nos nossos filhos uma imitação precisa das nossas qualidades e de nossos defeitos. Assistiremos cenas repetidas neles, que nos levarão ou a muito riso ou muito dor. E nós, se tivermos claro, se tivermos em nosso coração, a nossa consciência tranquila. No sentido de que fizemos a nossa parte, de que tecemos o que pudemos para garantir essa paz a nossa volta. Se fizemos uma rede de apoio, tal qual uma rede de um pescador previdente. Que, durante a noite, durante os dias que antecedem sua ida ao mar, ou ao grande rio. Tece a sua rede, fortalecendo regiões que ainda apresentam instabilidade. Doando às situações, energias novas. Reciclando sentimentos. Aí, teremos uma grande rede de amor. Tecida no nosso coração, no nosso perdão, no mais profundo silêncio da nossa alma. Amados, eis o segredo para amar e ser amado.

Amados, enxergar no outro o espelho de si mesmo. Amar ao próximo como se fôramos nós mesmos. Eis o grande segredo deixado por Jesus, a todos nós. Amemos. Amemos muito. Perdoemos.  Vamos dar ao outro a chance de realmente tecer conosco, redes e redes de amor, e aí, juntinhos,  poderemos deitar nessas redes e ver os infinitos pores do sol, que Deus prepara para todos nós.  Um mundo de paz,  e  profunda paz, de um trabalho realizado.

Muita paz a todos e que esse sonho de amar, de construir esse amor, seja, em nossos dias!

Muita, muita paz a todos.

 

(*1) Lamennais – Cap XI ESSE – ítem 15

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