Sexto passo
Caridade
“...Adentramos experiências, adentramos corpos, adentramos famílias, para vivermos essa partilha... para juntinhos podermos dividir, partilhar, cear juntos, um alimentar ao outro, dessas verdades maiores. Desse amor de Deus por nós, que vem através dos corações amigos”
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“Nós recebemos a imagem de Cristo como uma referência do filho de Deus. Para que nós pudéssemos, minimamente concretizar a figura de nosso amado Deus.”
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“Mas então, onde ...Deus?”
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“Nossos olhos parecem ter uma fresta muito estreita, por onde passará o outro ou as realidades até nós.”
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“Nós precisamos mudar o nosso olhar, temos que olhar para fora, temos que olhar ancho, grande, liberto, temos que abrir as nossas pálpebras, como uma janela que se abre para o mundo”
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“Tudo em volta é amor! A festa do amor acontece cotidianamente e nós participamos parcialmente dessa grande sinfonia de amor a nossa volta.”
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“E é tão pouco o que nos faz feliz, e é muito o que nos faz feliz é: o Amor - é o Amar!...”
Caridade
Caríssimos irmãos e irmãs, eis-nos novamente aqui, sob este teto, nesta casinha, nesta pequenina casa de oração, que nos abriga a todos - encarnados e desencarnados- para este banquete, celestial, espiritual.
Nós, mais uma vez, aqui estamos, felizes de podermos participar juntinhos desta grande ceia, desta partilha, como uma família feliz que se dirige aos prados numa tarde ensolarada e juntinhos, esticam a relva, a sua toalha quadriculada, e abrem de dentro da ceia perfumada merenda - cheirosa merenda – e juntos, juntinhos, um ao lado do outro, partilham daqueles sabores. Mas sobretudo... e por isso tão especial: daqueles amores! Ah! Amado e amada, como esses piqueniques, esses pequeninos banquetes, feitos com aqueles que amamos tanto fazem bem as nossas almas. Não é verdade!? Que saudade amados, que saudade! Quem é que, nesta sala, nunca se lembra, daquele pano especial, oferecido por aquela pessoa que tanto ama...? Daquela bebida quentinha, que mais do que o estômago, aquece os nossos corpos todos... tal é a grandeza e a luminosidade - em amor! Que vem inerente aquele alimento. Partilha do alimento espiritual que também, assim se dá.
Nós, adentramos experiências, adentramos corpos, adentramos famílias, para vivermos essa partilha... Sim... para juntinhos podermos dividir, partilhar, cear juntos, um alimentar ao outro, dessas verdades maiores. Desse amor de Deus por nós, que vem através dos corações amigos, sim! Deus não tem um corpo concreto, visível, no plano terrestre. Nós não vemos Deus! Não podemos, por exemplo, um dizer ao outro: vamos ali naquela casa. Deus ali está. Ele falará conosco. Não... Sabemos que não!
Nós recebemos a imagem de Cristo como uma referência do filho de Deus. Para que nós pudéssemos, minimamente concretizar a figura de nosso amado Deus. Já que, não temos... Sabemos que Deus não é um senhor de barbas longas, brancas, sentado num trono a esperar... Ai, amados, sabemos que não, claro! Mas então, onde ...Deus? Onde podemos acessar essa fonte de sabedoria eterna? Este lugar sagrado, amoroso, bendito, que tanto tem feito por nós, e faz, cotidianamente as nossas almas, as nossas encarnações...Como nos diz João: “ ninguém jamais viu a Deus (Jo1:18)”, então, “Deus se faz, em todas as coisas criadas”(Ro 1:19). Mas ainda assim amados, muito difícil é para nós, enxergar Deus na pessoa ao lado. Experimente! Sinta a presença da pessoa ao seu lado neste momento. Sentimos uma fonte de amor, um calor especial que vem... principalmente se essa pessoa nos é cara, nos é querida. Mas, daí, a conseguirmos expandir o nosso ser até o outro... dessa forma tão vigorosa... pra perceber Deus? Ah! Amados, amados, amados, como ainda não conseguimos, não é verdade? Ainda estamos distantes, muito distante estamos de uma pessoa como Francisco de Assis, por exemplo, que conseguia olhar para os pássaros e dizer: “são meus irmãos”. Mas ele não falava isso porque estava enlouquecido e muito menos porque era um poeta e usava de figura de linguagem. Não! Era verdade. Ele via no sol: um irmão. Na lua: uma irmã. Nos pássaros – irmãos. Na terra que ele pisava ele sentia a presença de Deus! Em todas as coisas, Deus presente estava à Francisco. Amados, o que nós podemos capitar e absorver de uma experiência como essa na terra?
Amado e amada, Francisco olhava para fora, com um profundo olhar, daquele que, existe tanto espaço interno, que consegue olhar o que esta fora... e caber dentro do seu olhar, dentro do teu ser. Havia espaço em Francisco. Ele estava desprovido de ilusões. Nós muitas vezes, quando olhamos para as coisas a nossa volta, nós temos endereço concreto para o que vamos apreender. Nós vamos trazer para dentro de nós - prender em nós - aquilo que nós queremos captar, guardar, capturar, prender em nós. Vamos muitas vezes - nos nossos relacionamentos - vamos para pessoa amada, querendo exatamente isso ou aquilo, e se não vem aquilo que nós solicitamos, nós nos sentimos lesados, vilipendiados, não é verdade amados e amadas? Nossos olhos parecem ter uma fresta muito estreita, por onde passará o outro ou as realidades até nós. Olhamos o mundo como se fosse através de buracos de fechadura, pequenos orifícios, rasgados numa veste que cobre o nosso ser ou - usando uma imagem que já foi oferecida pela espiritualidade - como se estivéramos em uma crisálida e aí pequeninos furos, permitem a nós olhar o exterior e somente aquele trecho, nos chega, para dentro de nós mesmos.
Ah! Amados, o que fazer diante disso? O que fazer? Nós precisamos mudar o nosso olhar, temos que olhar para fora, temos que olhar ancho, grande, liberto, temos que abrir as nossas pálpebras, como uma janela que se abre para o mundo, com uma vontade imensa de que todo aquele mundo adentre o nosso ser, mas para isso nós temos que esvaziar as nossas ilusões, esvaziar as caixinhas que fecham, o nosso interior, impedindo que esse exterior maravilhoso adentre o nosso ser... E o que fazer diante das grandes verdades, reveladas a nossa volta - muitas delas nós não capturamos, não captamos, não aprendemos - muitas delas, sempre nos escapam, porque nós ficamos focados em alguns pontos, como uma pequenina osga, nós ficamos paralisados, olhando para um ponto fixo, e certos de que só aquilo “é”! Aquela é a unica verdade para nós. Que pena de nós amados, que pena...
Enquanto isso, a vida a nossa volta, fervilha. Tudo em volta é amor! A festa do amor acontece cotidianamente e nós participamos parcialmente dessa grande sinfonia de amor a nossa volta. Andamos como cegos, como surdos, como aleijados, lesionados em nossos órgãos dos sentidos, porque temos o nosso órgão do sentido, parcialmente acionado, Jesus disse: “tenhamos olhos de ver, ouvidos de ouvir”(Mateus 13:16), ou seja, não é somente olhar, é mais do que olhar é ver, é capturar, é aprender, é por dentro do nosso coração, é esvaziarmo-nos de todo velho, o antigo.
Amados, Jesus nos dá uma outra imagem muito linda, Ele diz: “Não se coloca vinho novo em odre velho”(Mateus 9:17), não é verdade? Nós muitas vezes nos encharcamos do “que foi”... muitas vezes das dores... tudo o que foi, o que “representou”... E não nos tornamos é livres, daquele excesso, pra poder receber o novo. Encharcamo-nos, enchemo-nos, inflamo-nos do já foi e do que não deveria ser mais. Porque isso nos adoeceu, nos entristeceu! Mas nós ficamos presos a isso, deixando essa grande festa a nossa volta passar despercebida. Não percebemos, não captamos, não vemos... Que pena! Enquanto isso, a vida vai...
Vamos aprender com Francisco de Assis, por exemplo. É um exemplo, existiram vários que fizeram essa trajetória. Mas vamos nesse momento usar Francisco de Assis, como exemplo, vamos imaginá-lo andando em meio aos bosques, em contato com os passarinhos, com as borboletas, com o cheiro, o aroma das flores a sua volta.
Amados, nós podemos, ser tão felizes quanto... E é tão pouco o que nos faz feliz, e é muito o que nos faz feliz é: o amor - é o amar! E isso está acessível o tempo todo a nossa volta! Fechemos então, com essa imagem (cantarolando)“lá vai São Francisco, pelo caminho, de pés descalços tão pobrezinho, levando...”
Boa noite a todos, nós precisamos de muito pouco pra sermos felizes! Muito pouco!! Não precisamos de muito dinheiro. De tanta roupa. Nem de muitos calçados, nem de carro, nem de... Ah! amados nos precisamos de amar e de amor... E tudo o mais, nos será dado por acréscimo.
Entrevista sobre o encontro de chico com Santa Isabel
Vídeo com a história de Santa Isabel
Caríssim@s, Chico Xavier é visitado por Santa Isabel de Aragão, a rainha Santa, em nome de Jesus Cristo, para incentivá-lo e lembrá-lo de sua missão:
“...— Francisco, disse Isabel pausadamente, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, venho solicitar o seu auxílio em favor dos pobres, nossos irmãos.”...
“Chico é tomado de uma emoção, que segundo nos relata, chorou até o amanhecer do novo dia”.... Neste encontro espiritual estava a sua tarefa anunciada. Ela disse:
“... - Você vai escrever para as nossas gentes peninsulares e, trabalhando por Jesus, não poderá receber vantagem material alguma pelas páginas que produzir.
Por isso vamos providenciar para que os Mensageiros do Bem lhe tragam recursos para iniciar a tarefa. Confiemos na bondade do Senhor!”...
Chico recebia a sua missão revisitada, com os pilares da caridade muito bem delineados. Estava claro a Chico de onde, no futuro, viriam os recursos... “escrever”... Chico foi médium de uma obra psicográfica enorme... Obras nas mais variadas formas literárias – riquíssima! Publicadas em vários idiomas e espalhadas pelo planeta terra. Gerando recursos espirituais que nos orientam grandemente, na vida espiritual e material. E seguindo a risca a orientação: “...não poderá receber vantagem material alguma pelas páginas que produzir.”...
Nosso amado médium Chico Xavier deixa para nós um dos maiores legados à mediunidade: o desapego à matéria, aos bens materiais.
Querid@s, temos então, neste exemplo, um grande convite à reflexão do verdadeiro sentido da CARIDADE!
A Caridade Espiritual e Caridade Material se complementam e criam na terra, no exemplo deixado por Chico e pela espiritualidade em nome do Cristo, um Corpo de Deus Vivo... A socorrer, alimentar, amparar, orientar, etc...
Um corpo amoroso a oferecer ao próximo o que ele deseja de nós!
E nós? O que temos feito neste sentido?
Já reconhecemos o nosso chamado?
Já “ouvimos” esta voz a nos convidar ao caminho do amor?
Já “enxergamos” a nossa frente o nosso anjo a nos chamar para a prática da distribuição do “pão da vida” aos nossos irmãos de caminho?
Que nós possamos ter olhos de ver e ouvidos de ouvir o chamado de Deus em nossos dias...
Que Jesus nos ilumine e nos conduza para estes caminhos de muito amor e paz!
Podemos conhecer também o relato do encontro de Chico Xavier com Santa Izabel de Aragon que consta do livro Mensagens de Inês de Castro – F. C. Xavier/Caio Ramacciotti – Ed. GEEM
http://geem.org.br/relembrando_chico/isabel-de-aragao-e-chico-xavier/
Nesse 6º passo vemos na Caridade o principal efeito da terapêutica divina – apaziguar os instintos materiais que ainda habitam em nós, frutos do orgulho, do ódio e da vaidade. Essas forças, contrárias a Lei de Amor, alimentam o EGO e afastam os sentimentos que nos impulsionam a FAZER O BEM, como a solidariedade, compaixão, a misericórdia...
A Caridade é o que faz movimentar as forças do amor em movimento libertador dos processos obsessivos. Assim, temos nesse movimento de autoconhecimento e acolhimento do outro, um processo natural de desobssessão.
Segundo a organização de Kardec, no texto do Evangelho Segundo o Espiritismo, a Doutrina dos Espíritos vem desempenhar um papel muito importante:
“O Espiritismo vem provar que esses demônios não são mais do que as almas de homens perversos, que ainda não se despojaram dos seus instintos materiais; que não se pode apaziguá-los senão pelo sacrifício dos maus sentimentos, ou seja, pela caridade; e que a caridade não tem apenas o efeito de impedi-los de fazer o mal, mas também de induzi-los ao caminho do bem e contribuir para a sua salvação. É assim que a máxima: Amai aos vossos inimigos, não fica circunscrita ao círculo estreito da Terra e da vida presente, mas integra-se na grande lei da solidariedade e da fraternidade universais.” (ESE, cap. XII, item 6)
Allan Kardec, ao longo do exercício de sua missão junto a humanidade nos deixou exemplos dessas forças que se mobilizam para um propósito maior – Caridade.
Na biografia sobre a vida de Allan Kardec, organizada por Marcel Souto Maior, temos alguns exemplos de como Kardec fez uso de seus atributos científicos em dedicação a humanidade. Ele deu corpo a Doutrina dos Espíritos, com o objetivo maior de revelar caminhos para viver segundo os ensinamentos de Jesus. Como por exemplo, no trecho (páginas 111 e 112) que descreve o caso do médium: “O Incrível Adrien” (Trata-se de um médium vidente que foi personagem de uma reportagem publicada na Revista Espirita em meados de 1859). Vemos a preocupação de Kardec em ser fiel ao relato acerca do mundo espiritual, e ao mesmo tempo dar respostas aos questionamentos da época, reafirmando o que já havia se constituído: “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre.”(Kardec) Uma evolução permanente, pontuada por penas e recompensas futuras, baseadas no bem e no mal praticados pelo espírito imortal.
As atitudes de Kardec sempre mobilizaram as forças do BEM para alimentar a fé dos que buscam viver em caridade, e não para dar vazão ao orgulho filosófico e científico que predominava em sua época. Para exemplificar melhor o papel de Kardec sugerimos também, assistir o documentário sobre a vida dele: Allan Kardec, o Educador, organizado por Dora Incontri*. Nesse documentário poderemos compreender o contexto histórico e cultural dos tempos de Allan Kardec, assim como o eixo norteador de sua educação, além de podermos vivenciar através das imagens a grandiosidade de suas atitudes em prol da humanidade.
Disponibilizamos o link que dá acesso ao PDF do livro "Kardec a Biografia"
http://files.comunidades.net/portaldoespirito/Kardec__A_Biografia__Marcel_Souto_Maior_2013.pdf
REFERÊNCIAS
O Evangelho Segundo o Espiritismo por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires
Disponível em:
Pe. Fábio de Melo
"A importância da caridade"
Haroldo Dutra Dias
"A caridade essencial"
Monja Coen
"Onde estamos escondendo o amor?"
Amad@s esses três vídeos retratam algumas das facetas da Caridade. Temos três vertentes religiosas diferentes : Católica, espirita e budista... todas em sintonia com os princípios cristãos. Eles mostram que independente da religião, a língua que todos devemos falar para alcançar o bem é o Amor: a Caridade.
Os três vídeos abordam a caridade em instâncias diferentes, mais têm o mesmo foco: o bem como a capacidade maior de transformação. Caridade como reforma íntima.
No vídeo do padre Fábio de Mello, vemos a caridade simplesmente como a forma cristã de fazer o bem.
Em Haroldo Dutra – espírita – Temos a caridade essencial: O profundo entendimento de si mesmo, para poder acolher o outro. Fazer para o outro o que gostaria de ser feito para si próprio. Portanto a Caridade, dentro da grande Lei de Amor do nosso Amado Jesus Cristo - Lei Divina.
E por último, no vídeo da Monja Coen temos a percepção do amor incondicional – A forma da Caridade lindamente retratada. A necessidade do outro impera sobre a nossa.
Então podemos concluir que a Caridade é essencial no caminho do encontro com o Cristo, ou com a grande Lei Divina – Lei de Amor.